Os exercícios físicos fazem parte da rotina da advogada Natália Serrano, 29 anos. Quase todos os dias, ela frequenta a academia. A prática, é muito mais do que uma questão estética, faz parte do tratamento contra a asma. Doença respiratória crônica que afeta cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a asma ainda é envolta em muitos mitos, como o de que é incapacitante ou impede a prática de exercícios. Natália é a prova do contrário. Para esclarecer esse e outros aspectos da enfermidade, acontece o Dia Nacional de Combate à Asma, lembrado neste 21 de junho.
A asma atinge cerca de 10% a 25% da população brasileira, o que representa de 20 milhões a 50 milhões de asmáticos. É a quarta causa de hospitalização nas salas de urgência do país, levando 270 milhões de pessoas a se internarem todos os anos. O que faz do Brasil o oitavo país em incidência. “A asma, na maioria das vezes, é alérgica. A pessoa nasce com uma predisposição genética e pode desenvolver as manifestações durante a infância. Pode acontecer de o indivíduo ter crises desde essa época ou, que é menos comum, de desenvolver na terceira idade”, explicou a médica alergologista da Alergo Imuno, Deborah Schor.
Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que 6,4 milhões de jovens de até 18 anos são diagnosticados com asma. Entre as crianças, são 20 milhões de pessoas. Nos idosos, o diagnóstico tem crescido e ocorre em até 8% deles. Os sintomas mais comuns são: tosse seca, chiado no peito, dificuldade para puxar e soltar o ar, respiração mais curta e opressão torácica. Esses sintomas podem aparecer geralmente no começo da manhã e piorar mais a noite. “Em criança pode acontecer também à noite de ela tossir muito, ao ponto de vomitar uma baba branca”, lembra Deborah Schor.
Algumas vezes, os sintomas podem aparecer após a prática de atividade física, o que leva muitas pessoas a acreditarem que a doença é incapacitante. Mas isso é um mito, alerta Deborah Schor. “Muitos pacientes ainda possuem o estigma ao ser diagnosticado com asma. Ela não é uma doença que limita o paciente, você pode ter uma vida normal através do tratamento correto”, esclarece. Entre as formas disponíveis para o tratamento da asma, estão o controle ambiental, para eliminar poeira, pelo de animais, mofo, infiltração e ácaros do ambiente, além dos medicamentos com broncosdilatadores, corticoides inalados e imunobiológicos.
Os exercícios físicos podem ser aliados. “Sedentarismo, obesidade e tabagismo aumentam a tendência de crises de asma. A prática de exercícios, por outro lado, expande a capacidade pulmonar. Para isso, entretanto, o paciente precisa estar com a doença controlada”, diz a médica alergologista. Natália Serrano está com a doença controlada há cerca de dois anos, quando começou o tratamento medicamentoso e passou a fazer exercícios de forma regular. “Dede que eu comecei a ir para a academia e tomar remédio, as minhas crises ficaram mais espaçadas. O exercício físico, para mim, é solução também para a questão emocional, e muitas das minhas crises eram ocasionadas por isso”, conta.
Para Deborah Schor, a importância do dia 21 de julho é desmistificar a asma. “Muita gente pensa que asma faz mal ao coração, que a ‘bombinha’ vicia, e acaba não procurando o diagnóstico. Contudo, todos os dias morrem três pessoas no Brasil por asma. É preciso conscientizar para diminuir a mortalidade e a morbidade, como o absenteísmo do adulto ao trabalho”, conclui.
Fatores de crise
Algumas situações são consideradas gatilho para o desenvolvimento da crise de asma. As crises costumam ocorrer porque os brônquios do asmático são mais sensíveis e tendem a reagir de forma abrupta à exposição aos desencadeadores da doença, como frio, mudança de temperatura, fumaça, ácaros ou fungos, e, até mesmo, odores fortes. Por isso, nesta época do ano os asmáticos costumam sofrer mais. “Minhas lembranças de infância, do São João, são sempre de crises. Minhas crises demoram 15 dias para passar, então sempre procuro ir para onde não tem tanta fumaça. Se fico em casa, fecho todas as janelas”, conta Natália Serrano.
De acordo com a alergologista Deborah Schor, além da fumaça decorrente das festas juninas, esta época do ano implica em um aumento da proliferação de ácaros. “Ocorre uma combinação do período mais úmido com as fogueiras e fumaças. Então é importante redobrar a atenção a esses fatores para evitar o aumento das crises”, disse.
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